Mulheres: cada vez mais importantes nas entidades hospitalares

Predominantes no setor, profissionais do sexo feminino buscam maior representatividade em cargos de liderança

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Médicas, enfermeiras e atendentes, entre outras. A presença das mulheres no ambiente hospitalar é maciça. De acordo com dados do Censo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as mulheres são a principal força de trabalho na área de saúde brasileira, somando 65% dos mais de 6 milhões de profissionais que atuam no setor público e privado.

A presença feminina em algumas carreiras, como Fonoaudiologia, Nutrição e Serviço Social, por exemplo, ultrapassa 90%. Já os percentuais em áreas como Enfermagem e Psicologia superam os 80%.

O fato das mulheres se dedicarem  e obterem destaque na área de saúde é cultural. É notório que elas possuem um olhar amplo e mais integrado do cuidado em saúde, conta Cristiane Pantaleão, vice-presidente do CONASEMS – Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. “Essa visão é importante para lidar tanto com os serviços, quanto com a gestão”, explica.

E por que não lideram?
Mesmo diante de números que impressionam no que diz respeito ao contingente, as mulheres não são maioria na ocupação de cargos de liderança ou gestão. A atuação delas está mais concentrada em atividades de nível básico e intermediário, especialmente relacionadas com a enfermagem.

O mesmo quadro é visto nas áreas médicas ou relacionadas a pesquisa e desenvolvimento, onde predominam os homens nas posições de liderança.

De acordo com o relatório “Investindo no Poder da Liderança da Enfermeira: O que será necessário?”, datado de 2019, fruto de uma parceria entre a IntraHealth InternationalNursing Now e Johnson & Johnson, mesmo as mulheres representando 70% da força de trabalho total de saúde e assistência social, apenas 25% delas ocupam funções de liderança do sistema de saúde.

Outro relatório da IntraHealth International, mais abrangente e um pouco mais antigo (2017), destaca que numa amostra de 123 países, as mulheres no setor de saúde e social representavam 67% das vagas ocupadas. Nos EUA, elas somam 80% da força de trabalho na saúde e 90% na área de enfermagem. Entretanto, apenas 40% estão ocupando cargos executivos. A presença das mulheres em cargos mais importantes na área de saúde é ainda menor nos países asiáticos. Na Coréia do Sul e Japão, as mulheres representam apenas 20% do total de médicos.


Mudança de perfil
O crescimento da presença feminina no mercado de trabalho é inegável e esse é um movimento que vem crescendo a cada ano, em todo o mundo. E isso envolve mais oportunidades para qualificação profissional e, consequentemente, maior representatividade em cargos de exigência superior.

No Brasil, uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que consultou 3.899 gestores de saúde de todos os Estados brasileiros, mostra que, ao menos no SUS – Sistema Único de Saúde, as mulheres estão conquistando uma participação maior em cargos de gestão e liderança. Brancas e na faixa dos 50 anos de idade, elas são maioria nas Regiões Norte (47%), Sudeste (58%), Sul (60%) e Centro-Oeste (61%). A exceção ainda é a Região Nordeste, onde apenas 39% da gestão é exercida por mulheres.

O estudo da IntraHealth International de 2017 mostra também que em alguns países da Europa, como Estônia e Letônia, as mulheres já representam 70% dos profissionais de medicina.

Outro dado importante é que entre os países da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a quantidade de médicas aumentou consideravelmente em um período de vinte e cinco anos: de 29% em 1990 a 46% em 2015.


Liderança feminina
Bons exemplos da eficiência e da capacidade das mulheres, algo que ainda é questionado, não faltam. Um destes bons exemplos é a CEO da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Denise Soares dos Santos. Tida como uma das primeiras mulheres a comandar uma rede de hospitais no Brasil, vem sendo premiada por implantar modelos de gestão inovadora com foco em liderança e pessoas. Em 2018, Denise conquistou o Prêmio “Executivo de Valor”, na categoria Saúde. Em 2019, ela foi agraciada com o prêmio “Lide Saúde e Bem-Estar”.

Em 2020, a comunidade científica mundial foi surpreendida pelo trabalho de uma equipe brasileira, que conseguiu sequenciar o genoma do Coronavírus (COVID-19), que já vitimou milhares de pessoas em todo o mundo.

A médica Ester Cerdeira Sabino, que também é diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT-USP) e coordenadora do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), e Jaqueline Góes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP, conduziram o estudo que determinou a sequência completa do genoma viral encontrado no Brasil, que foi chamado de SARS-CoV-2.

O estudo contou ainda com pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL), da Universidade de Oxford e do IMT-USP.

Enfim, não restam dúvidas sobre a competência e a dedicação das mulheres em diversos segmentos do setor de saúde. Só resta saber o motivo que ainda faz com que a desigualdade no mercado de trabalho ainda prevaleça.
 
Referências
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(www.ibge.gov.br)

IntraHealth International
www.intrahealth.org

COFEN – Conselho Federal de Enfermagem
(www.cofen.gov.br)

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
(www.conasems.org.br)

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