Protocolos de biossegurança para equipes hospitalares: mudanças após a Covid-19

Para evitar infecção, profissionais de saúde tiveram que adotar um série de procedimentos e equipamentos de proteção

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Máscaras, protetores faciais, luvas e respiradores, entre outros. A partir do momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) sinalizou ao mundo que um surto de uma forte gripe de rápido contágio avançava da Ásia, a partir de Wuhan, na China, em direção à Europa e o resto do mundo, entre novembro e dezembro de 2019, a rotina dos profissionais de saúde, de todos os níveis, sofreu uma mudança brusca.

Essas mudanças se intensificaram quando, em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) em virtude do grande número de casos de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), notificados em diversas partes do mundo. Em fevereiro de 2020, a doença causada pelo vírus foi denominada como COVID-19, em referência ao tipo de vírus e ao ano de início da epidemia: Coronavírus disease – 2019. Pouco depois, já no mês de março, a OMS declarou que estávamos diante de uma pandemia e que todas as nações estavam em risco.

A COVID-19
A doença caracteriza-se por uma síndrome respiratória aguda, que causa bastante confusão, uma vez que seu espectro clínico é amplo e envolve pessoas assintomáticas, pessoas com sintomas de resfriado comum, pneumonite e até insuficiência respiratória.

A transmissão acontece por gotículas respiratórias inoculadas de forma direta ou indireta ao entrar em contato com a mucosa oral, nasal ou ocular. Por conta disso, é altamente recomendado usar máscaras, lavar as mãos regularmente com água e sabão ou a desinfecção com álcool em gel (70%) e evitar tocar olhos, boca e nariz.

No Brasil
O primeiro caso da COVID-19 no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020. Porém, até este momento já foram registrados mais de 17 milhões de casos e a triste marca de 505 mil mortes (junho de 2021). A expectativa, não só no Brasil, mas em todo o mundo é que a vacinação em massa avance para que o contágio diminua e o mundo volte a uma rotina mais próxima da normalidade.

Prevenção de contágio para os profissionais de saúde
Já não bastasse as jornadas mais longas e exaustivas, a partir do agravamento da situação no Brasil e o contágio desenfreado, os profissionais de saúde passaram a ter que se deparar com um verdadeiro aparato de equipamentos de proteção e protocolos para evitar contaminação.

Confira um compilado dos protocolos mais comuns adotados pelos hospitais que prestam atendimentos a pacientes com COVID-19:

O uso obrigatório de máscara cirúrgica pelo profissional e paciente com suspeita de estar infectado além da separação destes em setores diferentes (salas de precaução) e a criação de setores específicos para recepção e internação de pacientes foram alguns dos protocolos iniciais adotados em larga escala pelos hospitais. Higienizar locais e superfícies com as quais estes pacientes tiveram contato também constava entre as medidas adotadas pelas equipes de triagem e atendimento. Os procedimentos que produzem aerossol devem ser evitados.

Equipamentos de proteção
A respeito dos equipamentos de proteção individual (EPIs), em salas de precaução, os profissionais de saúde passaram a usar a máscara cirúrgica, avental, gorro e luvas. Nos setores onde eram atendidos pacientes infectados, os profissionais de saúde adotaram máscaras N95 ou PFF2, aventais impermeáveis, gorro, luvas óculos de proteção ou protetor facial.

Limpeza e desinfecção de locais e superfícies
A limpeza e desinfecção de superfícies também passou a ser mais rigorosa. Além do uso de EPIs, os profissionais encarregados pela limpeza foram orientados a não varrer superfícies a seco, para não haver dispersão de microrganismos veiculados com as partículas de pó. A varredura úmida, por meio de mops ou rodo e panos, também estava entre as recomendações. Sobre as soluções: álcool 70%, Hipoclorito de sódio 0,1% e quaternário de amônia (para as áreas críticas) eram as mais indicadas.

Desinfecção de enxoval
Tanto para pacientes suspeitos ou infectados, a recomendação era para que todos os artigos e produtos sejam recolhidos e transportados de forma a prevenir a possibilidade de contaminação de pele, mucosas e roupas; ou a transferência de microrganismos para outros pacientes ou ambientes. Esses cuidados englobam ainda roupas, lençóis, cobertores e capas de travesseiros usados por pacientes, cortinas de isolamento de leitos e panos de chão utilizados para limpeza do ambiente. Tais materiais precisam ser separados de outros tecidos infectantes e embalados em sacos identificados para descarte de material com risco biológico e seguir o fluxo estipulado pela lavanderia ou empresa terceirizada responsável.

Rotina nas enfermarias
A recomendação para as copeiras é de usar EPIs adequados e não entrar nos quartos dos pacientes infectados. Dessa forma, a refeição deve ser entregue para as equipes de enfermagem.

Manejo de corpos após morte
Além das precauções padrão e restrição do número de profissionais envolvidos nos procedimentos, todos os profissionais que tiverem contato com corpos de pacientes que faleceram devem usar máscara cirúrgica, gorro, óculos de proteção ou protetor facial, avental descartável impermeável, calçados fechados (impermeáveis e laváveis) e luvas descartáveis. Em caso de necessidade de procedimentos que gerem aerossol, como extubação, a recomendação é que sejam utilizadas máscara N95 ou PFF2 entre outros EPIs.

A remoção de tubos, drenos e cateteres deve ser realizada com o máximo de atenção, sendo que os materiais perfurocortantes devem ser descartados em recipientes rígidos e identificados como resíduo infectante.

O bloqueio dos orifícios de drenagem de feridas e punção de cateteres com cobertura impermeável, além dos orifícios naturais do corpo e a limpeza de secreções deve ser realizado com compressas com gaze ou algodão embebido em solução clorada a 0,5-1%.

Por fim, as recomendações contemplavam ainda que os corpos devem ser envolvidos em lençol e acondicionados em saco impermeável, selado e à prova de vazamento. O saco, por sua vez, deve ter sua superfície externa desinfetada e seguir para transporte com a informação relativa a risco biológico “classe de risco 3”. Após a liberação do corpo, os profissionais responsáveis devem proceder com a limpeza e desinfecção da área de atendimento.

Na chegada ao necrotério, o corpo deve ser alocado em compartimento refrigerado e sinalizado como “COVID-19 / agente biológico “classe de risco 3”. Na sequência, o corpo deve ser acomodado na urna, que deve ser lacrada e ter sua superfície limpa com solução clorada 0,5%. Recomenda-se ainda que a urna não seja mais aberta, que o corpo não seja embalsamado e, de preferência, seja cremado. Toda a equipe envolvida no preparo e transporte do corpo deve usar equipamentos de proteção adequados, que devem ser descartados após o término de cada procedimento.

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Fonte de informações/Consulta
– Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
– Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

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