O futuro do design hospitalar pós COVID-19

Entenda como o design e as novas tecnologias podem ser pensadas no hospital do futuro para a assertividade no atendimento da demanda com qualidade e humanização.

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A área de saúde atualmente é um sistema de assistência médica e apesar de ter havido grande progresso no diagnóstico e tratamento, estruturalmente a prestação de cuidados não mudou muito. Esse sistema não foi projetado para lidar com o crescimento de atendimento de doenças altamente contagiosas como o COVID-19. Pensando nesse cenário, projetando o futuro do design pós Covid-19, Lara Kaiser que é diretora de Healthcare da Perkins and Will, e Sergio Labb, diretor presidente da Vita Care, debateram sobre este tema durante uma live.

Entre os diversos assuntos abordados, Sergio Labb afirma que o importante é sempre o paciente, por isso o design hospitalar é fundamental. “Temos como ponto central o paciente. Mesmo com a redução de custos, entra o design para ambientação e circulação dos familiares e equipes dos hospitais”, destaca.

Lara kaiser conta que na sua experiência na Inglaterra, que é um país frio, dão muita importância para a ventilação e luz natural. Isso ajuda a combater a depressão e auxilia também na recuperação do paciente. Segundo ela, o sistema público de saúde é muito forte na Europa. E apesar de o Brasil ter avanços na área tecnológica como a comunicação em tempos de covid, ela afirma o atraso brasileiro. “Há 10 anos a consulta da família era pelo celular na Europa e se caso identificasse necessidade o paciente era encaminhado ao hospital. Isso eu enxergo como um atraso para o Brasil”.

A questão da redução de custos é bastante tratada dentro dos hospitais. A pandemia mostrou a necessidade dos hospitais para essa emergência. Segundo ela, algumas empresas fizeram reformas em hospitais públicos que deixarão um legado importante e relembra dos hospitais de campanha que tiveram uma verba para serem construídos e serão descontruídos quando a demanda diminuir. Para Lara, no futuro os edifícios devem ser flexíveis caso haja situação parecida. “A gente tem um projeto relevante que fica em Chicago, que traz vários itens que promovem essa flexibilidade, aumentando o atendimento e o número de leitos de uma forma que possamos atender esses momentos difíceis como agora. Eu entendo que a gente deva trabalhar daqui para frente para que os hospitais consigam atender esse tipo de pandemia e não precisarmos construir hospitais de campanha”.

Ela ainda avalia que o pós-pandemia vai ter uma virada em relação ao design hospitalar, além da tecnologia ser bastante usada. “Temos que preparar bastante os hospitais. É a primeira onda da epidemia e haverá outras.  Há a tendência de mini-hospitais para menos pessoas e menos espera. A gente vem fazendo hospitais na cidade que já contemplam esse tipo de oportunidade para atendimento. A espera tende a ser menor, pois a procura pelos consultórios será menor”. Segundo ela, a quantidade de consultórios deve diminuir por conta da telemedicina. A tendência é o paciente ir para uma unidade fazer um exame e até mesmo o exame ir à casa da pessoa para cortar o ciclo de transmissão. E em casos de estadia prolongada, o design deve ser com mobiliário e materiais que proporcionem a melhora do paciente o mais rápido possível.

Para Sergio, “a característica da Herman Miller é a modularidade e adaptabilidade dos espaços. É prover o design de uma possiblidade futura e com o menor custo possível na readaptação de espaços. São módulos independentes de instalação dentro das alvenarias que possam ser remanejados. A reorganização de espaço tem custo por quebra de parede e interdição de espaços”. Para Lara, a flexibilidade é a nova ordem. Os hospitais devem ser flexíveis e os equipamentos devem diminuir de tamanho.

Segundo Sergio, a Anvisa publicou uma nota técnica para os cuidados dentro do hospital como o distanciamento de leitos. Lara concorda e lembra que na Europa há 10 anos já estavam projetando apartamentos de hospitais para um único leito. Já não faziam enfermarias e no Brasil até hoje tem hospitais com enfermarias. “As enfermarias devem ser descontinuadas, dando lugar a quartos com um único leito. É necessário ter flexibilidade para transformar 100 para 300 leitos da noite para o dia em caso de urgência”.

Lara afirma que o Homecare será mais explorado no futuro. “As pessoas ficarão mais em casa para se cuidar. Irão menos ao hospital”. A diretora lembra da mudança de cultura do brasileiro com a pandemia. “No passado o paciente chegava no pronto-socorro e não era obrigado a colocar máscara. Agora as pessoas estarão sempre preparadas para entrar em um ambiente que podem ficar doentes ou infectados”.

O design também será importante para manter o colaborador em plenas condições de saúde, além do paciente. Lara fala de a importância do funcionário ter seu local para descanso. “O paciente fica um tempo no hospital, mas o colaborador está lá 24 horas por dia. Ele precisa ter acesso a ventilação e luz natural e precisa ser tratado de uma forma como o paciente para conseguir seguir”. Segundo ela, o que o profissional de saúde está vivendo durante a pandemia será marcado para sempre. “Temos que pensar a questão dos ambientes para os profissionais terem um local para aliviar o estresse do dia a dia. E o design é importante para isso”, afirma.

Para a diretora o cuidado com a saúde mental deve ser uma prevenção, pois o nível de estresse diário é cada vez mais alto. Segundo ela, na Europa há clínicas dedicadas à saúde mental. “Aqui no Brasil não trabalhei em clínicas que cuidam da prevenção para não acontecer um surto. De fato, a gente tem um cliente que cuida muito da terceira idade que olha sempre a prevenção. Olha a saúde do idoso para que tenha longevidade. Esse olhar diferenciado ele faz no design com espaços lúdicos que proporcionam alegrias”.

A inserção do processo de humanização hospitalar deve ser olhada com carinho no pós-covid. Segundo Lara a tecnologia e o design são fundamentais para isso. Alguns projetos globais como módulos que você consegue ir ao local e ver a pessoa por meio de vidros. A comunicação da família e do paciente por meio do celular. Inclusive no Brasil, tem projetos em que a pessoa se veste dentro de um plástico para abraçar ao outro. “É uma doença triste porque os familiares não podem se despedir da pessoa que perdeu e, por isso a gente precisa estimular essa nova forma. O que podemos fazer é projetar e construir nas próximas UTI`s vidros e corredores em que a família possa chegar”.

Sérgio conclui que é o novo normal e todos os setores vêm buscando formas para se adequarem tanto hoje quanto para as novas ondas que virão no futuro. E que as novas tecnologias que chegarem devam se tornar viáveis em relação ao custo.

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